terça-feira, 1 de março de 2011

Noticia - Maior mudança é inflexão pró-Mercosul | Valor Online



A política externa - em especial a relação com os vizinhos Brasil e Argentina - foi a área que o presidente José Mujica escolheu para implementar as mudanças mais notórias em relação ao governo de seu antecessor, Tabaré Vásquez. Mujica vê o Brasil como líder incontestável da região e se esforça em apagar a crise diplomática com a Argentina, detonada com a construção de uma fábrica de celulose às margens do rio Uruguai.

"A maior inflexão ocorreu nas relações internacionais", afirma Adolfo Garcé, cientista político e professor da Universidade da República (Udelar). "Este é um governo mais mercosuliano do que os anteriores e, dentro do Mercosul, mais brasilianista do que argentinista. Mujica tem um carinho quase visceral com o Brasil e acredita que o futuro da região está atrelado ao país."

Quando assumiu, Mujica encontrou as relações com a Argentina congeladas por causa do bloqueio que ambientalistas faziam na ponte fronteiriça sobre o rio Uruguai - o caminho mais curto ao país para mais de 150 mil uruguaios residentes em Buenos Aires. O primeiro sinal de distensão foi dado por Mujica. Ele retirou o veto de Tabaré à candidatura do ex-presidente Néstor Kirchner para a secretaria-geral da Unasul. Além disso, buscou uma aproximação com a sucessora e viúva dele, Cristina Kirchner. Sofreu com as críticas de seus correligionários.

Pouco depois, quando o Tribunal de Haia se pronunciou sobre o assunto, aumentou a aposta e permitiu o monitoramento da fábrica de celulose que foi pivô da crise por inspetores argentinos. Em troca, recebeu o empenho do governo argentino na negociação para o desbloqueio da ponte. Após três anos, ela foi desobstruída. Ao contrário de Néstor e Tabaré, que não se falavam mais, Cristina e Mujica tornaram-se interlocutores frequentes. "Uma das coisas, não a única, sobre as quais me senti convencido pela proposta de Mujica, foi seu cultivo das relações com a oposição e também no cultivo das relações com a Argentina", disse recentemente o vice-presidente uruguaio, Danilo Astori, que assistiu à "guerra das papeleras" como ministro de Tabaré.

Ficaram para trás os dias de críticas ao Brasil e de tentativas de convencer os Estados Unidos a negociar um acordo bilateral de livre comércio, ignorando as regras do Mercosul. Desde a campanha eleitoral, Mujica insistiu em declarar que se inspiraria em Lula para governar. Antes mesmo de assumir, transformou o ex-presidente brasileiro em seu principal conselheiro internacional. Em dezembro, cedendo a apelos do Planalto e do Itamaraty, determinou a migração do padrão europeu de televisão digital para o sistema japonês - adotado no Brasil e depois no resto da América do Sul, com exceção da Colômbia.

"Mujica sempre lembra a necessidade de que o Brasil assuma a liderança na região e trabalha na desconstrução das hostilidades com a Argentina. Quando ele se refere a esses dois países, não usa retórica, mas expressa seu convencimento mais profundo", diz o jornalista Néstor Delgado, militante antigo da Frente Ampla e auxiliar próximo do presidente, na Secretaria de Comunicação Institucional.

"Inmejorable", foi a definição usada por Mujica ao embaixador do Brasil em Montevidéu, João Carlos de Souza-Gomes, sobre o estado das relações bilaterais. "Nunca ouvi uma única reclamação da parte dele", garante o diplomata. Tendo assumido o posto no fim do ano passado, ele surpreendeu-se menos de uma semana após sua chegada, quando recebeu um telefonema do palácio presidencial. O próprio Mujica, quebrando todo o protocolo que cerca as apresentações de embaixadores a chefes de Estado, avisou que estava indo pessoalmente à residência oficial de Souza-Gomes. "Entendi esse gesto não como uma deferência a mim, mas ao Brasil."

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