A
exportação brasileira de milho, que na safra passada alcançou 9,4
milhões de toneladas, deve cair para 8,5 milhões de toneladas nesta
colheita, segundo projeção divulgada pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) nesta quinta-feira (09). O recuo deverá ser de
10%. O gerente de oleaginosas e produção pecuária da Conab, Thomé Guth,
afirma que o Brasil terá milho disponível para exportação, mas que os
demais fornecedores internacionais de milho devem ter safras boas e
questões portuárias e de logísticas impedem o País de ter maior
competitividade.
Segundo
Guth, haverá milho disponível para exportação principalmente em Mato
Grosso e no Paraná. Junto com Mato Grosso do Sul, os dois estados
respondem por 70% a 80% da segunda safra, também chamada safrinha, no
Brasil. A primeira safra brasileira começou a ser plantada lá por
outubro e a segunda vai até o mês de março. O milho de Mato Grosso, no
entanto, precisa percorrer cerca de dois mil quilômetros de estradas
até chegar ao porto. Já o Rio Grande do Sul, que tem portos próximos da
produção, enfrentou seca nesta safra e não deve ter muito milho para
exportar.
"É
um questão de mercado. Estamos prevendo exportações entre oito e nove
milhões de toneladas, mas pode ser que ao longo da safra isso
(previsão) se modifique", afirma o gerente, que também é analista da
área de milho. Segundo ele, o plantio dos Estados Unidos ocorre no
final deste mês e começo de março e até julho já se pode saber se a
safra do país, que é grande produtor, será cheia. Guth afirma que o
Brasil não tem o 'just-in-time' da Argentina e Estados Unidos na
distribuição do milho e a produção do Brasil é espalhada, não está toda
perto dos portos.
"Mas
sempre há possibilidade de importar milho do Brasil", afirma Guth, ao
ser indagado se o Brasil terá milho disponível para exportar ao mercado
árabe, como aconteceu no ano passado. Em 2011, o País enviou ao mundo
árabe 140 mil toneladas de milho, correspondentes a US$ 679 milhões.
Houve crescimento de 22%. De acordo com o gerente, entre os mercados do
cereal brasileiro no exterior estão Irã, que é o maior, Taiwan, Japão,
Colômbia, Egito e outros países do Oriente Médio. "Uma das vantagens do
Brasil é que o País diversificou muito os seus mercados", afirma Guth.
Apesar
de acreditar numa queda da exportação, a Conab prevê aumento de
produção de 6%. Na safra 2011/2012 devem ser colhidas 60,8 milhões de
toneladas, contra 57,4 milhões de toneladas na anterior. Ela não virá
da produtividade, que deve recuar 4,5% para 3,9 mil quilos por hectare,
mas do aumento de área, que somará 15,3 milhões de hectares, com alta
de 11% sobre a safra passada. Uma das explicações para isso é que o
produto se mantém com preços em patamares elevados.