Na retomada das discussões para revisão do acordo de livre comércio
automotivo com México, autoridades brasileiras vão reivindicar a volta
do sistema de cotas de importação, que vigorou para o acordo com o
México entre 2003 a 2006.
Como argumento, devem apresentar uma informação que causou alarme em
Brasília: a importação de carros provenientes de fábricas mexicanas
cresceu 220% nas primeiras semanas de fevereiro, em comparação com o
mesmo período do ano passado. E, em janeiro, o crescimento havia sido
de 200%.
O forte aumento nas compras de automóveis do México indica que as
montadoras instaladas no Brasil decidiram antecipar importações, com as
notícias de revisão do acordo que garante livre comércio de veículos
entre os dois países. A presidente Dilma Rousseff ordenou pressa na
negociação de novas regras para o comércio de carros, caso contrário
ameaça pedir o cancelamento ("denúncia", no jargão diplomático) do
tratado.
Os ministros de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, se reúnem hoje à tarde, em
Brasília, com os ministros mexicanos de Relações Exteriores, Patricia
Espinoza e de Economia, Bruno Ferrari.
O governo brasileiro já apresentou a proposta de criação de cotas ou
alguma outra medida mutuamente satisfatória. Pede, também, a introdução
de caminhões leves no acordo entre os dois países e a fixação de
percentual maior de componentes nacionais nos automóveis beneficiados
pelo livre comércio.
Caso não seja possível concluir hoje um acordo, os dois governos
reservaram o dia de amanhã para acertos finais. Ontem, durante boa
parte da tarde, autoridades brasileiras envolvidas na negociação se
reuniram para discutir a estratégia a seguir na discussão com os
mexicanos. A reunião estava marcada para a Cidade do México, mas, a
pedido dos brasileiros, foi transferida para Brasília.
Os mexicanos, a princípio, disseram ser contrários a qualquer
modificação no acordo automotivo, que vigora desde 2003 e, até o ano
passado, rendeu saldos positivos ao Brasil. Somando-se os produtos
automotivos incluídos no acordo, esse superávit teria somado, segundo
os mexicanos, R$ 12,4 bilhões. O comércio bilateral é anda mais
favorável aos brasileiros, com superávit, nesse período, pouco inferior
a US$ 22 bilhões.
Os brasileiros argumentam que a crise internacional, a
desvalorização do dólar e o vigor do mercado brasileiro ameaçam inundar
o país de produtos importados, o que exigiria ações temporárias de
proteção à indústria nacional.