sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Noticia - Crise ainda não afeta trocas com o exterior - Valor Online

nova crise global ainda não se refletiu na balança comercial brasileira. De janeiro a agosto o Brasil ficou com superávit de US$ 19,6 bilhões, com recorde no valor exportação diária. A expectativa de especialistas até o fim do ano é de que as exportações continuem crescendo e possibilitem a geração de saldos positivos, embora o ritmo dos embarques diminua em razão do recuo no preço do petróleo e do fim da safra da soja. Os dois itens são, ao lado do minério de ferro, os principais produtos da pauta brasileira de exportação.
 
Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a desaceleração na economia americana e na dos países europeus não deve se refletir na balança ainda este ano. Ele lembra que os embarques atuais foram contratados em abril ou maio e que a nova crise econômica mundial começará a fazer maior efeito daqui a três ou quatro meses, sem grandes consequências nas exportações de 2011.

Para o economista Rafael Bistafa, da Rosenberg, a desaceleração deve ocorrer em razão de uma acomodação nos preços das commodities. Ele lembra, porém, que apesar da desaceleração ou da queda de preços em alguns itens, as commodities permanecem com preços em níveis elevados.

O ritmo de crescimento dos embarques, acredita Castro, deve desacelerar também em função da tendência de menor elevação da exportação de petróleo, não só em termos de valores como também de volume. Ele lembra que os preços já mostram tendência de queda. Em junho, o petróleo custava US$ 748 a tonelada. Em agosto, caiu para US$ 722 a tonelada.

Além disso, diz, o volume de exportação do óleo deve ser afetado porque a partir de outubro a participação do etanol na gasolina vai diminuir. "Isso fará com que a demanda interna aumente e, com isso, haverá um excedente exportável menor de petróleo."

Outra variável importante, lembra Castro, fica por conta do complexo soja, cujos embarques devem perder força já a partir de setembro, em função do fim da safra. Até agosto, diz, foram exportados cerca de 25,5 milhões de toneladas de soja em grão. A estimativa é que o embarque total em 2011 chegue perto dos 30 milhões. "Ou seja, a maior parte da soja já foi exportada, o que significa que sua contribuição para puxar as exportações será reduzida."

De janeiro a agosto os embarques de soja em grão somaram US$ 12,6 bilhões, com crescimento de 31,3% no valor médio embarcado no período na comparação com os mesmos meses do ano passado. Com participação de 7,5% no valor total embarcado, a soja em grão é o terceiro item mais importante na pauta brasileira de exportação. O petróleo em bruto é o segundo item, com embarque de US$ 14,4 bilhões nos oito primeiros meses do ano, com alta de 43,5% em relação ao mesmo período de 2010. O minério de ferro continua sendo o item mais importante, com valor exportado de US$ 26,6 bilhões no período.

Com pouco impacto da crise no saldo comercial do Brasil em 2011, os especialistas preveem superávit este ano. Bistafa diz que a Rosenberg estima saldo de US$ 23 bilhões. Castro, da AEB, estima superávit de US$ 27 bilhões.

A incógnita, diz Castro, fica para 2012. "É difícil fazer previsões. Gerou-se um clima de expectativa com o que foi interpretado como duas sinalizações distintas do governo em relação ao próximo ano", comenta. Castro refere-se ao envio da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que prevê crescimento de 5% para 2010. "Ao mesmo tempo houve corte da taxa de juros de 0,5%. Ou seja, parece que há um cenário ruim para o próximo ano."

Castro não descarta a possibilidade de déficit na balança comercial em 2012. Se o preço do dólar se mantiver entre R$ 1,60 e R$ 1,70 e o governo mantiver o ritmo de financiamento interno, diz, a demanda interna vai continuar e, com isso, as importações seguirão crescendo em ritmo parecido. "Ano que vem é um ano eleitoral e não há interesse nenhum do governo em promover uma desaceleração econômica e os mecanismos de defesa comercial que o Brasil vem adotando não são capazes de barrar importações resultantes de uma demanda aquecida."

No ano que vem, porém, diz, é bem provável que haja uma repercussão maior da crise nas exportações brasileiras. A desaceleração na economia americana e europeia podem levar a uma queda no preço do minério de ferro, com impacto no valor dos embarques brasileiros. "Há ainda uma dúvida em relação à China e ao efeito que essa crise terá sobre ela, o que também deve se refletir no preço das commodities exportadas pelo Brasil."

Bistafa, da Rosenberg, está mais otimista. Por enquanto, diz ele, a consultoria não acredita que haverá um impacto tão grande no preços das commodities mesmo em 2012. A estimativa da consultoria é de superávit comercial de US$ 19 bilhões no ano que vem.
 

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