A megarreserva do pré-sal reforça sua vocação de alçar o Brasil a país exportador de petróleo. Ao mesmo tempo em que a Petrobras fecha o primeiro contrato de exportação do óleo retirado de águas ultraprofundas brasileiras (1 milhão de barris para o Chile), há o início de mais um teste de longa duração (TLD) para explorar outra área do pré-sal, a de Brava. Com a nova unidade de testes, a megarreserva passa a responder por uma produção média diária de cerca de 80 mil barris.
O novo poço fica a 170 quilômetros da cidade de Macaé (RJ), na Bacia de Campos, e é a sétima unidade de produção da Petrobras, que deverá encerrar o ano com mais 20 poços divididos entre exploração comercial e outros testes, até o final deste ano. Essa informação foi revelada pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores da estatal, Almir Barbassa, durante apresentação de resultados do ano passado, evento realizado em março.
Com duração estimada em dois anos e produção diária de 6 mil barris de petróleo por dia, o novo TLD está sendo realizado pelo poço 6-MRL-199-RJS, interligado à plataforma P-27.
Além do novo reservatório no pré-sal, a estatal já opera os poços de Jubarte e Baleia Franca (ES) cuja produção é estimada está entre 13 e 20 mil barris diários e Carimbé (RJ) com 24 mil barris, na concessão do campo de Caratinga. Em fevereiro deste ano, a empresa deu início ao TLD do reservatório de Tracajá (RJ), na concessão do campo de Marlim Leste, com 23,3 mil barris. Já na Bacia de Santos estão em operação o TLD de Guará com 14 mil barris e o primeiro piloto em caráter comercial, o campo de Lula, na área de Tupi, onde a estatal produz 20 mil barris diários. Segundo a assessoria da Petrobras, apesar dessas estimativas ultrapassarem o volume real produzido, a média diária fica mais baixa porque, excluindo Lula, os demais poços operam como testes e por isso podem parar ao longo do mês para a coleta de informações.
Diferentemente do que foi alardeado pelo governo passado, de que esse petróleo seria para o abastecimento interno, a estatal anunciou a exportação desse óleo. O primeiro lote terá como destino o Chile. A Petrobras informou ontem que concluiu junto à estatal chilena Empresa Nacional de Petróleo (ENAP), as negociações para a venda de 1 milhão de barris do mineral extraído do campo de Lula, com embarque previsto para meados de maio.
Parceria
Na esteira deste mercado crescente a empresa de especialidades químicas Clariant e a Veolia firmaram um acordo para atender ao mercado de tratamento de água e de efluentes industriais e elegeram o setor petrolífero como o que terá a prioridade de atendimento.
De acordo com o vice-presidente da unidade Oil & Mining da Clariant, Carlos Togge, este segmento da economia brasileira vem crescendo com muito vigor. Ele disse ainda que o futuro tende a ser melhor em decorrência dos investimentos previstos para a exploração da megarreserva brasileira. Em sua avaliação, o valor previsto no atual plano da estatal, que deve chegar a cerca de US$ 30 bilhões ainda estão no começo.
As empresas não falam em números de faturamento, mas afirmam que o acordo poderá elevar os resultados das divisões em 100% nos próximos cinco anos. Até o momento, a parceria já está sendo executada em sete projetos. No Brasil, o mercado possui um potencial de US$ 1,5 bilhão e apesar deste número, ambas preferem não estimar o quanto pretendem conquistar.
Atraso
Se depender de novas licitações do pré-sal essa participação deverá demorar um pouco mais a ser alcançada. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deverá realizar sua 11ª rodada de licitação de blocos exploratórios entre setembro e outubro e, segundo a diretora Magda Chambriard, as áreas da megarreserva deverão ser excluídas. Em sua previsão, essas áreas não deverão ser contempladas antes de 2012. Para que ocorra, o Congresso deverá decidir a sistemática de divisão dos royalties destinados a estados e municípios.
Segundo Magda, a rodada deverá incluir apenas áreas da margem equatorial do País, que abrange do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte, além de áreas terrestres. A intenção, segundo ela, é ficar o mais longe possível do pré-sal para não haver qualquer confusão com o novo marco regulatório que define o sistema de partilha. De acordo com Magda, a ANP irá contratar, em breve, um serviço de sísmica tridimensional (3D) para analisar a região nordeste do campo de Libra que pode ser o primeiro do pré-sal a ser leiloado.