Essenciais para o aumento da produção industrial, os bens de capital (máquinas e equipamentos) estão perdendo espaço nas importações brasileiras. Apesar de continuarem a crescer, as compras desse tipo de mercadoria estão se expandindo em ritmo menor que os bens de consumo, estimulados pelo aquecimento da economia.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as compras de bens de capital cresceram 26,2% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado, contra aumento de 49% nos bens de consumo. Esse ritmo de crescimento reduziu a participação dos bens de capitais no total das importações do Brasil.
De janeiro a junho, os bens de capital representavam 21,8% das compras externas do país. Nos seis primeiros meses do ano passado, o percentual era de 24,8%. Em contrapartida, a participação dos bens de consumo subiu de 16,4% para 16,9%. A proporção das matérias-primas nas importações brasileiras passou de 46,2% para 46,8%.
O crescimento da compra de bens de consumo é resultado principalmente das importações de automóveis, que cresceram 72,3% no primeiro semestre. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, os países que mais vendem veículos ao Brasil são a Argentina, o México e a Coreia do Sul.
Para a economista Sandra Rios, consultora da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o repique nas importações de bens de consumo ainda não é preocupante porque as compras no exterior de bens de capital, usados na produção, continuam a crescer.
Na avaliação da especialista, o aumento nas importações de bens de consumo é resultado do momento atual da economia, que deve crescer de 6,5% a 7% neste ano segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "A participação dos bens de capital caiu [na pauta de importação brasileira], mas não porque o Brasil está comprando menos maquinário do resto do mundo. Quando a demanda doméstica cresce muito, é natural que haja reflexo no consumo", explicou.
Segundo a economista, o processo é semelhante ao desempenho da balança comercial neste ano. Apesar de as exportações brasileiras terem crescido 26,5% no primeiro semestre de 2010 e registrarem níveis recordes, as importações subiram 43,9% no acumulado do ano, também influenciadas pelo ritmo da economia.