segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Noticia - Grande exportador volta a tomar ACC | Valor Online


As grandes empresas exportadoras voltaram a tomar linhas de crédito à exportação, segundo os bancos líderes no mercado, que têm registrado volumes recordes dessas transações no início do ano. A razão: os recursos disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento das vendas externas com juros especiais do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em junho de 2009, já acabaram na maior parte dos bancos que fazem o repasse. 

A expectativa é de que o BNDES amplie novamente o dinheiro disponível (R$ 134 bilhões para o total do PSI) e os prazos de contratação, que vão até 31 de março. Mas, por enquanto, a saída para o grande exportador é recorrer aos tradicionais Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACCs), o crédito à exportação de prazo de vencimento de até um ano. As taxas de juros em recorde de baixa dos ACCs têm possibilitado às grandes empresas conseguir linhas que, quando convertidas em reais, tem um custo inferior aos juros do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI).

As maiores empresas do país chegam a tomar linhas à exportação de seis meses com juros de 1% a 1,5% ao ano em dólar. Mas o cupom cambial, os juros para investimentos em dólar no país, está acima de 2% para o mesmo prazo, tendo batido em mais de 3% em 6 de janeiro, quando o Banco Central decidiu limitar as posições vendidas em dólar dos bancos no mercado à vista. Os bancos compraram dólar no mercado à vista e venderam no futuro, elevando o cupom cambial.

Logo depois, quando o BC comprou dólar no mercado futuro por meio dos swaps cambiais reversos, o cupom caiu. Mas está novamente em trajetória de alta. Os maiores exportadores conseguem tomar ACCs pagando 1% ou 1,5% e investir o dinheiro no mercado interno a 2% ou mais. É uma diferença de 0,5 a 1 ponto percentual, um ganho certo, sem risco cambial.

Sem as linhas do BNDES, o ACC se torna um dos financiamentos mais baratos para quem tem performance de exportação. As taxas do BNDES PIS para exportação, que começaram a 4,5% em reais, foram para 5,5% a 7% em julho, o equivalente a 48,89% e 62,22% dos juros do CDI.
Segundo apurou o Valor, há exportadores obtendo ACCs abaixo dos custos de captação dessas linhas dos próprios bancos. As grandes instituições financeiras de varejo brasileiro podem fazer isso, pois têm contas de exportadores no exterior e os depósitos nessas contas funcionam como uma forma barata de captação em dólar.

Os maiores bancos brasileiros captam linhas à exportação por seis meses com um prêmio de 0,4% a 0,5% ao ano sobre a Libor, a taxa interbancária de Londres. A Libor de seis meses está em cerca de 0,46% ao ano. O total fica entre 0,86% a 0,96% ao ano. Para as linhas de prazo de um ano, os prêmios para os bancos sobem pouco, para 0,55% a 0,60% ao ano.

Além das taxas atrativas, os ACCs têm vantagens fiscais. Na comparação com um eurobônus, não pagam Imposto de Renda de 15% sobre os juros remetidos. Na comparação com um crédito em reais no mercado interno, não pagam Imposto sobre Operações Financeiras de 0,38% mais 1,5% ao ano, no máximo de 1,88% no total da transação de crédito.

"Os juros dos ACCs para as grandes empresas estão em níveis recordes de baixa e no começo deste ano vimos os grandes exportadores de volta ao mercado", diz Allan Simões Toledo, vice-presidente de negócios internacionais e atacado do BB. Os custos atrativos, lembra, se devem também à própria Libor, que está em níveis recordes de baixa. Segundo ele, o Banco do Brasil teve o melhor janeiro da história em ACCs e ACEs (Adiantamento sobre Cambiais Entregues). O total fechado pelo banco no mês passado chegou a US$ 1,4 bilhão, o segundo mês em volume financeiro da história. Em 2010, o BB concedeu US$ 12,627 bilhões em ACC e ACE, uma média mensal de US$ 1,05 bilhão.

O Banco do Brasil é líder, com mais de 30% do mercado de contratação de câmbio à exportação. O segundo colocado, o Bradesco, fechou um total de ACCs e de "trava" de câmbio (na qual o exportador trava a sua taxa, sem receber os reais) em janeiro 30% maior na comparação com os US$ 765 milhões de média mensal de 2010, diz Marlene Milan, diretora do departamento de câmbio. Segundo ela, em fevereiro até o dia 8, em pouco mais de uma semana, portanto, o volume já passou os US$ 320 milhões.

"Este começo de ano está muito favorável para a contratação dos ACCs e de travas de câmbio, pois o exportador tem aproveitado a arbitragem positiva", diz. "Se ele tem performance, pode optar por esse financiamento que é fácil e barato", comenta ela, que tem visto também as empresas tomarem muito capital de giro em dólar por conta do custo favorável no curto prazo.

As próprias exportações do país cresceram, estimulando a contratação de câmbio. Em janeiro, o total exportado chegou a US$ 15,215 bilhões, um aumento de 34,6% na comparação com janeiro de 2010. Enquanto isso, a contratação de câmbio para a exportação chegou a US$ 15,072 bilhões, um aumento de 40% no mesmo período. A diferença entre o câmbio contratado e o total efetivamente exportado foi de apenas US$ 143 milhões, a de menor valor desde março de 2010.

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