As
exportações já são uma preocupação para o governo. O diretor do
Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério de
Relações Exteriores, Rubem Gama, afirmou ontem em evento na Federação
das Indústrias de São Paulo (Fiesp) que "o cenário é bastante
preocupante para as exportações". Ainda na Fiesp foi divulgado, também
ontem, o Coeficiente de Exportação e Importação (CEI) do último
trimestre de 2011 que comprovou as apreensões, houve praticamente uma
estagnação das exportações nos três últimos trimestres do ano passado,
variações de 19,9%, 20,2% e 19,8 % na indústria geral, respectivamente.
Os
setores que mais tiveram queda no coeficiente de exportação no
trimestre passado foram Aeronaves, Produtos de Madeira, Fundição e
Tubos de ferro e aço, Material eletrônico e aparelhos de comunicação.
Das 33 seções que compõem o índice 17 sofreram baixa no período.
Para
o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio
Exterior (Derex), Roberto Giannetti essa estagnação é preocupante já
que houve crescimento da economia brasileira mas a indústria não
contribuiu. "Os desempenhos foram medíocres", completou o diretor.
O
coeficiente de importação, por sua vez registrou crescimento em todos
trimestres de 2011 sendo que no último trimestre a taxa alcançou o
recorde de 24%, maior número desde o início da série histórica, em
2006. Para Giannetti, praticamente um quarto de todos os produtos
consumidos no País são importados. "Houve uma comemoração do aumento do
consumo mas é importante que [este consumo] gere renda e emprego para
que a economia se mova de forma sustentável", completou.
Os
setores que tiveram mais expansão nas importações do período foram
Tratores e máquinas agrícolas, Material eletrônico, Máquinas e
equipamentos para fins comerciais, Produtos têxteis e Máquinas para
extração mineral e construção. Das 33 seções analisadas, 27 registraram
aumento.
A
produção industrial também permaneceu estagnada. Segundo dados
divulgados pela Fiesp, a variação foi de 0,3% entre 2010 e o último
ano. Um dos fatores que colaboraram nos dados de estagnação, segundo
Giannetti, é "a prolongação contínua de uma desvalorização cambial, o
que faz a indústria perder seu papel no mercado nacional".
A
medida mais urgente proposta pela federação para o estímulo das
exportações é pressionar o Senado e o Executivo para a aprovação da
resolução 72, que acabaria com a guerra fiscal entre os estados
brasileiros que concedem subsídios na alíquota do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "É um suicídio um país dar
subsídio para importados" disse. O diretor afirmou também que a Fiesp
deve fazer um pedido na Organização Mundial do Comércio (OMC) para que
os países evitem o dumping cambial, o que considerou como um fator potencial para nova crise.
Além disso, medidas antidumping,
desoneração de tributos no setor de logística e diminuição dos encargos
trabalhistas foram apontadas como ações importantes no estímulo das
vendas ao exterior.
Ainda
sobre o câmbio uma ação importante na opinião de Giannetti para a
reversão desse quadro é a intervenção no mercado futuro de dólares, que
caracterizou como "pura aposta, especulação e arbitragem".
O
diretor do Ministério de Relações Exteriores afirmou que o encontro
realizado na Fiesp entre ele e o conselho Superior de Comércio Exterior
(Cosex) teve como intuito promover as exportações "sobretudo o setor
das manufaturas e das médias e pequenas empresas", disse. Os destinos
prioritário para exportações, segundo o representante do governo são:
América do Sul, Ásia, África e Oriente Médio. "Sem descuidar, é claro,
dos nossos mercados tradicionais da Europa e dos Estados Unidos",
completou.
O
diretor afirmou ainda sobre a produção industrial que "a promoção das
exportações em novos espaços e novos mercados naturalmente vai ter um
impacto na produção industrial".
Previsões
Para
o início deste ano o diretor da Fiesp acredita que o coeficiente de
importações continuará estagnado e que o coeficiente de exportações
deverá chegar aos 25%. Sobre a balança comercial, que registrou déficit
de mais de US$ 1 bilhão no acumulado de janeiro, Giannetti acredita que
há uma tendência de equilíbrio entre as importações e as exportações e
que a balança pode inclusive registrar déficit . "Não vejo como ter
superávit de 20 bilhões ,como tem sido falado", completou.
O
representante do ministério disse que não sabe antecipar os números da
balança comercial deste ano mas atenta que os resultados de janeiro
sofreram influência da crise internacional e por isso os números são
incertos. "O cenário é algo que pode melhorar, não se consolidou ainda".