O resultado do comércio exterior em abril mostrará uma queda no
efeito positivo que os produtos básicos vinham trazendo para as
exportações brasileiras. A forte antecipação dos embarques de soja nos
primeiros meses do ano, quando, tradicionalmente, há a entressafra do
grão, fez com que o produto contribuísse pouco para o resultado do mês,
quando começa a safra. A queda nas vendas de açúcar, alumínio e óleo de
soja em bruto reduziu o desempenho de semimanufaturados. Nas três
primeiras semanas do mês, as exportações desse grupo ficaram 17% abaixo
de igual período de 2011.
As importações também desaceleraram. Na média, até a terceira
semana, ficaram estáveis em relação ao mesmo período de abril de 2011.
"Vamos ter uma queda consistente no saldo comercial, mas nada que mude
o foco em produtos básicos no curto prazo", disse o economista Rodrigo
Branco, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Ele lamenta que o aumento registrado na venda de manufaturados aos
Estados Unidos, em janeiro e fevereiro, não tenha continuado em março.
Combustíveis e minérios têm sido os principais responsáveis pelo
aumento nas quantidades exportadas. No caso da soja, a quebra de safra
no Brasil impedirá um bom resultado nas vendas do grão, que teve queda
de preços, mas ainda é vendida a valores compensadores para as empresas.
"O ano passado foi muito bom, um ano fora da curva, com preços muito
bons", disse o secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho. O acúmulo de estoques
permitiu uma antecipação dos embarques da soja, que somaram US$ 4,8
bilhões no primeiro trimestre, quase 50% a mais que os US$ 3,1 bilhões
dos primeiros três meses de 2011. "Nesse ano vamos exportar um pouco
menos por causa da quebra de safra", disse ele, prevendo 10% menos na
exportação do complexo.
Os especialistas consideram cedo para rever previsões com base no
dado de abril. Mais pessimista, o vice-presidente da Associação de
Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, prevê um
superávit de US$ 3 bilhões em 2012. A Funcex, segundo Branco, considera
possível a previsão do boletim Focus, do Banco Central, de saldo
positivo entre US$ 15 bilhões e US$ 16 bilhões.