Os dados da balança comercial
de abril reforçaram a preocupação com a dificuldade de recuperação da
atividade econômica no segundo trimestre, ao mostrar queda das
importações e das exportações. As compras externas de matérias-primas e
bens intermediários caíram 6,6% em relação a abril de 2011, indicando
fraco apetite da indústria por insumos, enquanto as de bens de consumo
recuaram 11%, um sinal de menor fôlego da demanda por bens acabados. Já
as exportações de produtos básicos tiveram queda de 7,2% e as de
industrializados, de 8,2%, reiterando o mau momento da demanda externa.
Para completar, outros indicadores apontam para um desempenho ruim da atividade em abril, como o licenciamento de automóveis e o consumo de energia elétrica, ao passo que duas pesquisas realizadas com executivos da indústria - a Sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) do HSBC- confirmaram um quadro de fraqueza nas demandas externa e interna.
O PMI caiu de 51,1 pontos em março para 49,3 pontos em abril, feito o ajuste sazonal, ficando pela primeira vez abaixo de 50 desde dezembro, o que indica contração da atividade industrial. É um indício de que o esperado avanço em março da produção industrial sobre fevereiro, a ser divulgado hoje, não deve configurar uma tendência - as previsões são de uma alta na casa de 1% a 1,5%, na série livre de influências sazonais. Para o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, os indicadores relativos a abril conhecidos até agora acendem "um sinal amarelo" sobre a indústria no começo do segundo trimestre.
Indicador acompanhado com mais atenção pelos economistas, o PMI de abril mostrou que "tanto a produção quanto o volume de novos pedidos dos fabricantes brasileiros caíram em relação a março, com as empresas citando, em geral, a demanda mais fraca por parte dos clientes", segundo o HSBC.
O economista Constantin Jancsó, do HSBC, destaca que a piora apontada pelo PMI foi generalizada, com a maior parte dos componentes do indicador caindo abaixo de 50 - caso dos índices de produção, novos pedidos, emprego e compra de insumos. Para Jancsó, o PMI sugere um desempenho pior para a indústria em abril, possivelmente frustrando a recuperação que se esboçou nos dois meses anteriores. A dificuldade em exportar, dada a atividade global capenga, e perda de competitividade em relação ao importado afetam o desempenho da indústria, diz ele.
As vendas de veículos também decepcionaram em abril. O licenciamento de automóveis e comerciais leves caiu 8,3% em relação a março, segundo o ajuste sazonal da LCA, calculado com base nos números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) até o dia 27 do mês passado. O de caminhões e ônibus recuou 14,5%. Esses dados ajudam a entender o aumento de estoques no setor apontado pela sondagem da FGV, especialmente de caminhões e ônibus.
Para o economista Robson Pereira, do Bradesco, parte do aumento da produção esperado para março resultou em alta de estoques, especialmente na indústria automobilística. Em abril, acredita ele, a necessidade de ajustá-los deve ter levado a uma queda da indústria. A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, projeta aumento de 0,6 % da produção industrial de abril em relação a março, mas afirma que dados antecedentes, como o licenciamento de veículos, podem forçar uma revisão para baixo dessas estimativas. "Não me surpreenderia que a indústria voltasse para o terreno negativo em abril."
Uma indústria fraca demanda menos insumos e matérias-primas, o que ajudaria a explicar o recuo das importações desses produtos em abril. Para Rafael Bistafa, da Rosenberg & Associados, os dados já divulgados em abril, com ênfase no desempenho da balança comercial, indicam dificuldade de recuperação da atividade. "Ainda não conseguimos enxergar a economia pegando força."
Pessoa diz que as barreiras à entrada de produtos na Argentina contribuíram para o mau resultado das exportações em abril, mas destaca também as incertezas em relação à economia global, com "Europa em recessão, EUA em desaceleração e China em crescimento mais lento do que se esperava", como diz relatório da LCA. Esse é um dos fatores que levaram a consultoria a apostar que a taxa Selic, hoje em 9% ao ano, será reduzida para 8,5%. Os outros motivos são "o ritmo ainda incerto de reativação da economia doméstica e de melhora do mercado interno de crédito" e a percepção de inflação comportada no curto prazo, além da decisão do governo de mudar as regras de remuneração da caderneta.
Para completar, outros indicadores apontam para um desempenho ruim da atividade em abril, como o licenciamento de automóveis e o consumo de energia elétrica, ao passo que duas pesquisas realizadas com executivos da indústria - a Sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) do HSBC- confirmaram um quadro de fraqueza nas demandas externa e interna.
O PMI caiu de 51,1 pontos em março para 49,3 pontos em abril, feito o ajuste sazonal, ficando pela primeira vez abaixo de 50 desde dezembro, o que indica contração da atividade industrial. É um indício de que o esperado avanço em março da produção industrial sobre fevereiro, a ser divulgado hoje, não deve configurar uma tendência - as previsões são de uma alta na casa de 1% a 1,5%, na série livre de influências sazonais. Para o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, os indicadores relativos a abril conhecidos até agora acendem "um sinal amarelo" sobre a indústria no começo do segundo trimestre.
Indicador acompanhado com mais atenção pelos economistas, o PMI de abril mostrou que "tanto a produção quanto o volume de novos pedidos dos fabricantes brasileiros caíram em relação a março, com as empresas citando, em geral, a demanda mais fraca por parte dos clientes", segundo o HSBC.
O economista Constantin Jancsó, do HSBC, destaca que a piora apontada pelo PMI foi generalizada, com a maior parte dos componentes do indicador caindo abaixo de 50 - caso dos índices de produção, novos pedidos, emprego e compra de insumos. Para Jancsó, o PMI sugere um desempenho pior para a indústria em abril, possivelmente frustrando a recuperação que se esboçou nos dois meses anteriores. A dificuldade em exportar, dada a atividade global capenga, e perda de competitividade em relação ao importado afetam o desempenho da indústria, diz ele.
As vendas de veículos também decepcionaram em abril. O licenciamento de automóveis e comerciais leves caiu 8,3% em relação a março, segundo o ajuste sazonal da LCA, calculado com base nos números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) até o dia 27 do mês passado. O de caminhões e ônibus recuou 14,5%. Esses dados ajudam a entender o aumento de estoques no setor apontado pela sondagem da FGV, especialmente de caminhões e ônibus.
Para o economista Robson Pereira, do Bradesco, parte do aumento da produção esperado para março resultou em alta de estoques, especialmente na indústria automobilística. Em abril, acredita ele, a necessidade de ajustá-los deve ter levado a uma queda da indústria. A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, projeta aumento de 0,6 % da produção industrial de abril em relação a março, mas afirma que dados antecedentes, como o licenciamento de veículos, podem forçar uma revisão para baixo dessas estimativas. "Não me surpreenderia que a indústria voltasse para o terreno negativo em abril."
Uma indústria fraca demanda menos insumos e matérias-primas, o que ajudaria a explicar o recuo das importações desses produtos em abril. Para Rafael Bistafa, da Rosenberg & Associados, os dados já divulgados em abril, com ênfase no desempenho da balança comercial, indicam dificuldade de recuperação da atividade. "Ainda não conseguimos enxergar a economia pegando força."
Pessoa diz que as barreiras à entrada de produtos na Argentina contribuíram para o mau resultado das exportações em abril, mas destaca também as incertezas em relação à economia global, com "Europa em recessão, EUA em desaceleração e China em crescimento mais lento do que se esperava", como diz relatório da LCA. Esse é um dos fatores que levaram a consultoria a apostar que a taxa Selic, hoje em 9% ao ano, será reduzida para 8,5%. Os outros motivos são "o ritmo ainda incerto de reativação da economia doméstica e de melhora do mercado interno de crédito" e a percepção de inflação comportada no curto prazo, além da decisão do governo de mudar as regras de remuneração da caderneta.