O desaquecimento na economia global ampliou, em abril, os danos ao
desempenho exportador brasileiro: as vendas caíram 8% e aumentaram
apenas 2% no primeiro quadrimestre, na comparação das médias diárias
com igual período de 2011. Mas a queda das importações, de 3% no mês
passado, indica algo mais: a fraca recuperação da economia doméstica.
Isso amenizou a diminuição do saldo comercial, que fechou o mês em US$
881 milhões.
As compras externas de matérias-primas e bens intermediários caíram
6,6% em relação a abril de 2011, indicando fraco apetite da indústria
por insumos, enquanto as de bens de consumo recuaram 11%, arrastadas
pela menor importação de automóveis. Já as exportações de produtos
básicos diminuíram 7,2% e as de industrializados, 8,2% na mesma base de
comparação. Para o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, os
indicadores de abril conhecidos até agora acendem "um sinal amarelo"
para a indústria no início do segundo trimestre.
O Índice dos Gerentes de Compra (PMI) do HSBC referente a abril
mostrou que "tanto a produção quanto o volume de novos pedidos dos
fabricantes brasileiros caíram em relação a março, com as empresas
citando, em geral, a demanda mais fraca por parte dos clientes",
segundo relatório do banco. A piora foi praticamente generalizada entre
os diversos componentes do índice.
"Ainda não conseguimos enxergar a economia tomando força", diz
Rafael Bistafa, da Rosenberg & Associados, citando a forte queda de
34% do superávit comercial acumulado no ano, na comparação com 2011.
No quadrimestre, o superávit comercial é de US$ 3,3 bilhões, dois
terços do registrado em 2011. As exportações cresceram apenas 2% em
relação aos primeiros quatro meses de 2011, com queda de 3,3% nas
vendas de semimanufaturados e aumento de 3,4% na exportação de
manufaturados, principalmente aviões.
As vendas brasileiras à União Europeia caíram 8,5%; para a China,
2,9% (embora tenham crescido 4,5% para a Ásia) e 24% para o Mercosul
(27% para a Argentina). Para o governo, a performance comercial
brasileira é semelhante a de outros países emergentes no início deste
ano. Até março, Coreia do Sul, Chile, China, Argentina e África do Sul
também mostraram recuo nas exportações.