A operadora logística Panalpina lançará neste ano dez novos serviços
próprios de agenciamento de cargas nos tráfegos marítimos com a América
Latina. As rotas darão sequência a um pacote de quatro serviços
recém-anunciados com frequência semanal no Mercosul pela companhia, com
sede na Suíça.
Uma das maiores no mundo no agenciamento de cargas "porta a porta",
a Panalpina vem ampliando a oferta no nicho chamado LCL (sigla em
inglês para "menos de um contêiner cheio"). Nessa modalidade,
exportadores e importadores compartilham o mesmo contêiner para
embarcar a mercadoria, pulverizando o custo do frete em tempos de baixa
demanda mundial.
Segundo o gerente de LCL da companhia para o Mercosul, Cleber
Oliveira, os novos serviços para a América Latina integram o plano
mundial da Panalpina de liderar o mercado de cargas fracionadas entre
as operadores logísticas até o ano de 2014.
A intenção da empresa é alcançar um volume de transporte estimado em
2,5 milhões de metros cúbicos. Hoje, a multinacional é a terceira no
ranking de empresas que alugam espaço nos navios para transporte da
carga.
O mercado do Mercosul representa cerca 5% do volume da companhia. A
projeção é crescer 26% ao ano até 2015, afirma Oliveira. "Queremos nos
antecipar e ser o número um na abertura de novos serviços", diz.
A ideia é ter oferta de sobra para aproveitar a recuperação
econômica, especialmente nas trocas com os Estados Unidos. Uma das
novidades que devem ser lançadas neste ano pela empresa é uma ligação
direta na importação de Chicago para Santos (SP), inédita no mercado.
Entre as novidades dos quatro serviços recém-anunciados, estão a
conexão de Buenaventura (Colômbia) com Guayaquil (Equador) e Colón
(Panamá). Vera Cruz (México) com La Guaira (Venezuela). E o porto de
Santos com Colón, linha que atende toda a América Central e o Caribe.
O transporte marítimo de LCL vem ganhando espaço, sobretudo, em
relação ao aéreo. Migrar para o navio tem sido uma das melhores
estratégias de empresas que buscam redução de custos e racionalização
logística.
"O custo do frete marítimo é muito mais baixo que o do aéreo. Em
rotas entre a Europa e o Brasil, a redução pode chegar a 10 vezes,
dependendo do volume", afirma Oliveira, que vê o movimento de
transferência mais acentuado nos últimos três anos. A empresa também
realiza agenciamento aéreo.
Um caso é o da Delphi, uma das maiores fabricantes de autopeças do
mundo, que vem aumentando o LCL marítimo como política de redução de
custos. "A gente analisa bem antes de fazer o aéreo, que consideramos
'premium'. Ele é bom para alguns fluxos, como os de alto valor agregado
e baixo peso. Mas para uma carga muito volumosa compensa muito mais o
marítimo", afirma a supervisora geral de comércio exterior, Eliane
Rodrigues de Carvalho.
Como o avião leva muito menos tempo para entregar a carga, o navio
tornou-se uma espécie de armazém regulador do estoque das indústrias.
A diretora da trading Dahll, Rita Campagnoli, afirma que o LCL
marítimo cresceu 20% nos últimos 18 meses nas trocas de sua empresa.
Mas que a decisão de migrar é determinada pelo mercado, em função da
necessidade de cada indústria.
O desaquecimento econômico mundial também estimula a opção pelo LCL.
Exportadores que tradicionalmente ocupavam um ou mais de um contêiner
embarcam menos volumes por conta da redução da demanda internacional e
do câmbio.
Na importação, o crescimento ocorreu entre as empresas que importam
via drawback, regime aduaneiro que suspende ou elimina tributos
incidentes sobre insumos importados, para utilização em produtos
exportados. "Se tenho queda de demanda, fatalmente vou importar menos,
transformar menos e exportar menos", afirma Rita.