O
último levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
(Abicalçados) revelou que até 30 de abril havia 2,2 milhões de pares de
calçados aguardando a liberação de licenças para poder, enfim, entrar
no mercado argentino. Deste total, cerca de 630 mil são relativos a
pendências de junho a dezembro do ano passado. Outro 1,6 milhão de
pares faz parte do saldo deste ano. O prazo médio para a liberação é de
138 dias. Desde o ano passado, as empresas calçadistas brasileiras
enfrentam problemas com o atraso da emissão das licenças não
automáticas de importação pelo governo da Argentina.
Segundo
a Abicalçados, o imbróglio com a Argentina gerou saldo pendente em
dólares que soma US$ 47,8 milhões, sendo que US$ 39,2 milhões foram
acumulados este ano, e US$ 8,5 milhões, em 2011. "O único
posicionamento que temos sobre essa questão é de solicitar ao governo
brasileiro ações que evitem os prejuízos às empresas nacionais, pois só
cabe a ele resolver a questão dos atrasos na emissão de licenças de
importação pela Argentina", explica Heitor Klein, diretor-executivo da
Abicalçados. Procurado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC) informou apenas que deve ocorrer ainda este
mês uma reunião entre representantes do governo federal e do governo
Cristina Kirchnner para tentar resolver a questão.
"Algumas
empresas estão sendo seriamente afetadas e absorvem este prejuízo, na
expectativa de que o governo argentino reduza as exigências para a
liberação de calçados em breve. A busca por novos mercados é uma
constante das companhias nacionais, mas não é rápido e nem fácil
substituir um mercado importante como a Argentina (que é o terceiro
maior parceiro comercial do Brasil, segundo MDIC)", afirma Klein.
A
Abicalçados informa que no primeiro trimestre deste ano, os embarques
de calçados do Brasil para a Argentina caíram 47% em volume na
comparação com igual período do ano passado. Foram exportados 975 mil
pares, contra 1,8 milhão no mesmo período de 2011. O faturamento em
2012 também seguiu trajetória negativa, ficando 36% menor: US$ 26
milhões, contra US$ 41 milhões obtidos nos três primeiros meses do ano
passado. "Este desempenho demonstra que estamos perdendo gradativamente
um dos principais mercados do calçado brasileiro", finaliza Klein.