A pauta de trabalho da reunião do G20 agrícola foi discutida ontem, 7 de abril, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, com o ministro da Agricultura, Alimentação, Pesca, Assuntos Rurais e do Desenvolvimento da Terra da França, Bruno Le Maire. O encontro acontecerá nos dias 22 e 23 de junho, em Paris, e terá como tema central a segurança alimentar.
Le Maire veio ao Brasil especialmente para apresentar as propostas do presidente Nicolas Sarkozy e esclarecer eventuais mal-entendidos entre as posições dos dois países. De acordo com o ministro francês, o controle de preços dos alimentos está fora de questão. O que a França defende é a regulação do mercado financeiro de commodities agrícolas, para evitar especulações que possam levar a uma crise global semelhante à que ocorreu em 2008, com a explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos.
"Houve uma defasagem entre os investimentos e a realidade do mercado imobiliário. Isso caiu por terra e deixou milhões de pessoas na pobreza. Se não regularmos o mercado agrícola, ele será utilizado exatamente da mesma forma, e não queremos que os produtores sejam vítimas da especulação financeira", explicou Le Maire.
O ministro Wagner Rossi ficou satisfeito com os esclarecimentos. "Ficou absolutamente claro que a França é inteiramente contrária ao controle de preços. A proposta é de combate à especulação financeira com produtos agrícolas e, nesse ponto, concordamos integralmente", afirmou.
Também há consenso quanto à necessidade de aumento da oferta para atender à crescente demanda por alimentos. "Há uma sintonia clara, hoje, entre as pessoas que lidam com a agricultura no mundo sobre a necessidade de se aumentar a produção. Esse é o único caminho para baratear os preços agrícolas", destacou Wagner Rossi.
Como anfitriã da reunião do G20, a França proporá, ainda, mais transparência sobre os estoques a partir do modelo brasileiro; maior cooperação entre os membros do grupo, no âmbito da FAO, para permitir reações rápidas às crises; e apoio aos países mais pobres para que possam desenvolver uma agropecuária autônoma e superar as crises alimentares.
"Nosso objetivo é construir uma melhor organização global na área da agricultura, lutando com mais eficiência contra as crises, controlando a volatilidade dos preços e apoiando o desenvolvimento agrícola dos países mais pobres", concluiu La Maire. "Queremos trabalhar de mãos dadas com o Brasil".