Apesar
das frequentes críticas feitas no Brasil ao processo de integração
regional, deve-se ao Mercosul o maior superávit em produtos industriais
registrado atualmente pelo país. O alerta foi feito nesta segunda-feira
(27) por participantes de audiência pública sobre as relações do Brasil
com países vizinhos promovida pela Comissão de Relações Exteriores e
Defesa Nacional (CRE).
O
comércio entre os países do Mercosul tem crescido "significativamente",
segundo informou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e
Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), Thomaz Zanotto. Ele ressaltou que o volume total superou em
2011 os US$ 100 bilhões.
Praticamente
30% das exportações brasileiras de manufaturados destinam-se ao
Mercosul. É o único espaço do mundo para onde nossas exportações (de
manufaturados) ainda crescem. Com a Argentina temos um saldo de US$ 6,7
bilhões em manufaturados. Do ponto de vista comercial, o Mercosul para
o Brasil é quase imprescindível - afirmou Zanotto, para quem o Brasil
deveria buscar um entendimento com a Argentina que envolva a
participação de estaleiros daquele país na construção de plataformas
para a Petrobras.
Em
seguida, o presidente da Federação de Câmaras de Comércio da América do
Sul, Darc Costa, disse que a integração da América do Sul tem "caráter
estratégico" para o Brasil. Ele defendeu a aprovação, pelo Senado, de
um projeto de lei que estimula a integração dos parques produtivos
sul-americanos (PLS 726/2011).
Por
sua vez, o embaixador José Botafogo Gonçalves, vice-presidente emérito
do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), afirmou que a
América do Sul será o "grande desafio" da diplomacia brasileira no
século 21.
-
Vamos ter relações muito mais densas. Hoje estamos começando a ter
relação diferente com países andinos, sobretudo pela possibilidade de
ligações entre os oceanos Atlântico e Pacífico - previu Botafogo.
O
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) pediu a rápida aprovação, pelo
Congresso do Paraguai, do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul
- já aprovado pelos Legislativos de Argentina, Brasil e Uruguai. Por
sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu maior empenho da
indústria brasileira em inovação, como caminho para ampliação da
competitividade do país.
O
presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL), lembrou que,
sem a participação "decisiva" do Estado brasileiro ao longo das últimas
décadas, o país não teria alcançado o nível de desenvolvimento
verificado hoje.